Nuno Moraes Bastos: “A criação do (meu) Mundo”

“O que sempre inquieta um bom espírito burguês e urbano é o desassossego que, na verdade, procura e a que dá causa. Assim, precisamente por genericamente nos dedicarmos a manter uma cadência impensável à anterior geração, acabamos a procurar novos anfiteatros para o nosso desassossego. Pelo meio, como Fausto, desafiam-se leis imutáveis e, com isso, arrisca-se o destino no dia a dia. “
“Para quem cresce no verdadeiro movimento dos sem terra que é a Cidade, no caso a pequena e paroquial Lisboa, é no refúgio de fim de semana que nos identificamos. No caso, numa pequena estância balnear à saída de Lisboa. “

“A infância, bem feliz por sinal, fez-se ao som das ondas e com o cheiro do mar.   “

“O velhinho pouso de Família começou a alternar com outros espaços de afirmação, o bulício de uma família alargada numerosa e muito gregária começou a concorrer com o sossego de uma estância balnear então fora de circuito. Era já a natural procura de um espaço individual de liberdade. “

“E o mar, o mar da Arrábida, acaba por ser o palco perfeito para essa procura.”

“O amanhã, o mar de visita, espaço de Família nuclear e de passagem de testemunho. A música como companhia (sem a qual, já dizia Nietche, a vida seria um erro), o sonho (“sem o qual, como escreve o Poeta, nada fazemos que não mutilar a nossa alma.  “

“Mais dias virão… “

“Ao passar o umbral do Inferno Dante vislumbra todos os que nunca conseguiram tomar uma decisão em vida. Os que focados na sua fragilidade se limitam a seguir em fila, atrás de uma bandeira ou de vão sinete.  “

fotografia Mário Príncipe texto Nuno Moraes Bastos produção executiva imgmSTUDIO.