Stivali: “Charme discreto e curadoria”

Situada em plena Avenida da Liberdade, a artéria da cidade que alberga o maior número de lojas de marcas internacionais de renome, a Stivali é porventura a mais exclusiva e, ao mesmo tempo, a mais discreta. Quatro décadas depois, continua a ser um espaço de referência para os mais atentos e prepara para breve a sua expansão para outras paragens. Por Carlos Tomé Sousa

Estamos em 1982 e a Stivali abre no momento certo de uma movida lisboeta que começa a despontar. “Durante o dia trabalhávamos na loja, à noite íamos jantar ao Pap’Açorda e depois íamos beber um copo ao Frágil. O mesmo tipo de pessoas frequentava os três espaços”, pessoas ávidas de coisas novas. “Tínhamos o que fazia falta em Portugal que era, tecidos muito bons e coisas simples, mas intemporais, dentro do espírito avant-garde da altura.”

“Na altura havia umas mil sapatarias em Lisboa e arredores. Mas não havia aquilo que queríamos, sapatos diferentes. Era tudo igual. E foi assim que começámos”, afirma Manuel Casal, relembrando a primeira loja que abriram na Avenida João XXI em 1982. “Tudo o que aí era vendido era mandado fazer”, sapatos sobretudo, a que se foram juntando, pouco a pouco, algumas peças de vestuário, “tudo desenhado por Frank”

Mas o que dita o sucesso da Stivali é sobretudo a aposta na qualidade. E é aqui que entra Frank uma vez mais. “O Frank sempre escolheu os tecidos pela qualidade e temos peças intemporais que se podem usar agora ou daqui a 20 anos”, afirma Manuel Casal.

“Somos os únicos que temos Dries Van Noten há muitos anos. Tivemos Dior e houve uma altura em que não havia Prada, Chanel, Gucci, Dior e nós tínhamos tudo.”

“Agora são as marcas que vêm ter connosco. É maçador dizer, mas as marcas primeiro preferem-nos a nós e, muitas vezes, temos de dizer que não”

Apesar dos lugares-comuns relativos à década de 80 e a uma certa forma de vestir, a verdade é que esta década testemunha o aparecimento de grandes nomes na área da moda de autor, com a Stivali a orgulhar-se de ter começado desde cedo a oferecer propostas de designers de moda como Issey Miyake, Yohji Yamamoto, Helmut Lang, Katherine Hamnet, Donna Karan ou Calvin Klein… “Fomos uma das primeiras lojas a ter Calvin Klein na Europa” recorda Manuel Casal a propósito desta marca americana.

Subindo ao 1º piso totalmente focado em vestuário masculino é todo um mundo de peças de referência para homem, desde o incontornável Dries van Noten a marcas como Acne, Giorgio Armani e muitas outras. Esta nova aposta da Stivali em coleções para homem está em linha com a postura da Stivali de oferecer peças para os vários segmentos. “A nossa oferta vai de A a Z. Sempre foi a nossa teoria, sempre há de ser. Temos de ter um bocadinho para a mãe, para a filha, para avó, para a neta…” afirma Paula Moldes

fotografia Mário Príncipe entrevista Carlos Tomé Sousa imagens recolhidas na Stivali Av. Liberdade